Escrevendo meu Caminho

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Resenha - Toda Luz Que Não Podemos Ver (Livro)
setembro 15, 20170 Comments


Um livro para você refletir sobre as Injustiças da Vida e sobre a Crueldade da Guerra!


Resenha de Livros
SinopseMarie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial; descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.

           Se você chegou até aqui com o intuito de saber se vale ou não a pena comprar esse livro para ler, antes de qualquer coisa eu quero lhe dar um aviso: 

Não Confie na Sinopse desse Livro!

          Parece um tanto radical da minha parte jogar um aviso como esse na sua frente, mas é a verdade. Eu comprei este livro baseando-me na premissa que vem descrita na sinopse que vem na contra-capa do livro físico, onde existem frases como: "Uma história de amor e bondade" e "Toda luz que não podemos ver é romance sobre generosidade e sobrevivência..." Mas não, este livro não é "tranquilo" assim. Eu diria que é até mesmo o contrário disso, não é uma história de amor e bondade, é uma história sobre uma terrível realidade que sobreveio sobre os moradores dos países que participaram da 2º Guerra Mundial. É uma história sobre dor, sofrimento, medo, angústia, injustiça, crueldade e sobrevivência. Este livro é um livro realista, e por isso, duro e impactante. Não estou, com todas essas falas, tentando fazer você, leitor, desistir da leitura. Nem ao menos, pretendo convencê-lo de que só encontrará um mundo obscuro se embarcar nesse universo. Só quero que saiba que nem tudo são flores aqui. A sinopse faz parecer que será uma leitura fácil e até otimista, mas acredito que você deva saber que nossos personagens passarão por coisa terríveis ao longo desse livro, contudo devo admitir que há sim um olhar singelo e belo sobre a vida que vem estampada em nossa personagem principal Marrie-Laure. Existe amor, existe felicidade, existe bondade nesta obra, mas ela não é feita apenas disso.

       Antes de continuar, devo acrescentar que não sou uma especialista em críticas e resenhas, porém estou me aventurando nesse universo, porque este livro me levou a isso.

Dito isto, podemos embarcar na obra em si. Toda luz que não podemos ver  conta a história de dois personagens principais: Marrie-Laure e Werner Pfenning. Ela é uma menina francesa que fica cega aos seis anos de idade, ele um menino alemão que fica órfão muito cedo. Apenas estas duas circunstâncias já nos mostram o quanto esse livro é duro. Para complicar a vida desses dois, que já não era muito fácil, vem a Guerra. Marrie-Laure é obrigada a deixar a cidade junto de seu pai e ir morar em Saint-Malo com o tio-avô, Werner teve que deixar a irmã para trás e entrar em uma escola nazista, acabando por fim em meio a guerra.

  O começo desse livro é intenso, já nos primeiros capítulos o leitor é informado sobre a situação caótica em que se encontra  a cidade de Saint-Malo, ficamos sabendo sobre o bombardeiro e o avanço do exército americano. Somos apresentados a Marrie-Laure que está sozinha em casa, quando tudo isso começa, enquanto Werner também está em Saint-Malo junto em uma missão para exército alemão, e acaba preso nos escombros do hotel onde estava. Toda a história do livro se desenvolve a partir dessa situação, o enredo do livro é bem intrigante. O autor dividiu a obra em 13 partes, nelas ele vai alternando entre passado e presente. O bombardeio a Saint-Malo acontece em  1944, mas logo após o leitor ser informado de toda essa situação, o autor volta no tempo, para 1934 mais precisamente, e começa a nos contar a história desses dois desde a infância. Ao longo da narrativa, ele volta ao dia do bombardeio várias vezes, mas logo viaja no tempo novamente. Não existe uma ordem cronológica precisa neste livro, o vai-e-vem temporal é constante e isso contribui para manter o leitor em suspense sobre o que vai acontecer com nosso protagonista, e a cada vez que o narrador volta esse dia, novos detalhes surgem para deixar a situação deles ainda mais complicada. Além disso, os capítulo são bem curtos. Muitos deles possuem uma única folha (só a parte da frente, sem verso), cada capítulo alterna entre as histórias dos dois personagens, se um está focado em Marrie-Laure, o seguinte se foca em Werner, mas há aqueles que se voltam para os personagens secundários, ou mesmo que apenas nos narram o que está acontecendo em uma visão mais ampla. Acredito que este tenha sido um recurso muito explorado pelo autor para conseguir mostrar a visão tanto dos Franceses, quanto dos Alemãs, deixando claro assim, o quanto o sofrimento ocasionado pela guerra afligiu os dois países. 
            O livro possui um leque de personagens bem construídos e todos eles de alguma forma servem para mostrar um aspecto da guerra, cada um em seu lugar: franceses, alemães, soldados, civis, crianças, pais, professores, alunos.... Todos eles, terrivelmente marcados pela guerra. A narração é feita em 3º e no tempo presente, o que juntamente com os capítulos curtos e as alternâncias temporais são responsáveis por criar a sensação de suspense, claramente, desejada pelo autor. A linguagem do livro é simples, sem grandes complexidade em seu vocabulário.
             Eu tive uma certa dificuldade para finalizar esse livro. Para mim, não foi uma leitura fácil, acredito que por alguns motivos. O primeiro deles é que não se trata de uma história simples, não há promessas de sorriso, de divertimento e leveza nesse texto. Sendo assim, ao longo da minha leitura, muitas vezes eu me sentia um tanto sobrecarregada com a severidade dessa história. Essa leitura, me fez refletir durante e após seu término sobre o mundo e a capacidade do ser humano de cometer coisas tão obscuras, afinal o livro tem como pano de fundo um acontecimento real. Além disso, para mim foi um pouco complicado me acostumar com os capítulos curtos e as inúmeras alternâncias temporais. Sempre que eu iniciava a leitura, eu precisava retornar e descobrir em que ano eu estava, me situar. Eu sou uma leitora que gosta de se sentir completamente imersa na história, e o fato dos capítulos serem tão enxutos me atrapalhou bastante. Muitas vezes, quando eu estava começando a mergulhar no mundo de Marrie-Laure, o autor cortava uma cena ou situação no meio do caminho e ia mostrar como estava o Werner. E algumas vezes, ele parava só para mostrar personagens ou cenas ainda menos interessantes. Eu sei que a intenção por trás disso é despertar a curiosidade do leitor e prendê-lo ainda mais, entretanto para mim teve o efeito contrário.
           Outro aspecto que não me agradou muito, foi sentir que o autor prolongou demais a história, a tornou arrastada e truncada demais. Me deu a sensação de que ele estava tão apegado ao padrão de um tamanho pequeno para os capítulos e voltas no tempo que, as vezes, ele cortava cortava o desenvolvimento de alguns trechos apenas por causa do formato, sem necessidade real. Em outras, me pareceu que ele criou capítulos desnecessários só por causa dessa padronização. Além disso, o narrador do livro faz algumas descrições de lugar, tempo e coisas assim um tanto desnecessárias. Não que ele descreva tanto ao ponto de se tornado massante em sua narração, mas ele poderia ter agilizado um pouco mais o andamento da história algumas vezes. No início, há explicações, que não são propriamente relevantes a história (e nem muito interessantes para mim) dos processos que Werner faz para consertar os rádios. Há também a presença de algumas divagações que soam um tanto estranhas (a mim), se não forçadas, coisa como: "Em algum lugar um pássaro pia, uma folha de árvore cai no chão e o silêncio paira sobre uma mãe e seu filho..." (Isso não está no livro, é apenas uma invenção minha para ilustrar).   Eu tenho consciência que esse tipo de narração, mais poética até, contribua para dar um tom mais profundo e reflexivo a história. Na verdade, eu acredito que são esses pequenos detalhes que o livro destaca ao longo do texto, que dão sentido ao título "Toda a luz que não podemos ver", os pequenos detalhes que importam. E não é que eu não goste, eu gosto, porém as vezes parecia fora de lugar. Nem sempre é necessário fechar o capítulo ou fazer o personagem demorar a tomar uma decisão por causa disso. Acredito que poderia ter sido mais equilibrado. Tudo isso, deixou a leitura um pouco arrastada para mim. Não é aquele tipo de livro para se ler em um dia. 
             Quanto a trama em si, sem dar spoilers, é uma história bastante reflexiva. Como eu já disse inúmeras vezes ao longo desse texto, não apenas um romance leve e tranquilo. É uma história sobre a guerra e suas consequências terríveis. É sobre impotência muitas vezes, sobre não poder mudar a situação em que você é jogado. Entretanto, também é sobre atitude, sobre ter coragem de ir contra o que estão te impondo para fazer o que é certo, para salvar vidas. Os personagens são muito humanos, todos eles possuem medos, inseguranças, sofrimentos, no entanto, também possuem muita coragem, especialmente nossos protagonistas, e força para encarar o que for. 
         Alguns outros personagens merecem destaque, o pai de Marrie-Laure é um homem muito bondoso, cuida da filha e faz de tudo para protegê-la desde pequena, a mãe da menina morreu no parto, mas este pai foi capaz de cuidar dela com muito amor e carinho. Madame Manec, a empregada da casa do tio-avó de Marrie-Laure, é uma senhora notável, acolhe a menina com carinho e a ensina coisas muito importante, como: vale a pena lutar por uma causa justas. Contudo, o destaque para mim, do núcleo dela fica com Etienne, o tio-avó, no início ele é um personagem um tanto chato, meio fraco e frágil demais, porém ao longo do livro ele se desenvolve e se torna quase uma nova pessoa. A relação entre os dois é muito bonita e forte, ele passa a amá-la como um segundo pai. 
           Quanto aos personagens do lado de Werner, temos sua irmã Jutta, que é como o toten ao qual Werner se agarra para continuar sendo humano e tendo valores, apesar das coisas que precisa enfrentar. É uma menina corajosa, mas acompanhamos muito pouco sua trajetória, e isso foi uma das coisas de que eu senti falta no livro, uma personagem interessante que não foi tão explorada. Além dela, temos seus companheiros do exército, o principal deles Volkheimer, um personagem que representa muito bem (acredito eu) o como a guerra transformou homens em soldados e o quanto isso afetou completamente a vida deles. E eu gostaria de dar destaque a Frederick, um amigo de Werner da escola Nazista. Poderia enquadrá-lo mais ou menos no caso de Etienne, um personagem que parece que não tem muito para oferecer, mas surpreende nas escolhas e atitudes que toma, um garoto que apesar das probabilidade, não tem medo de defender o que acredita e que, como todos nesta história, também é marcado para sempre por toda a situação em que se encontra. 
          Em relação aos nosso protagonistas, os dois eram apenas crianças quando tudo começou, eram felizes e inocentes, ao longo da história passam por muita coisa. No ínicio, Werner é um tanto hesitante e indeciso. Ele não configura o herói a que estamos acostumados logo no início,  ele precisou amadurecer muito. Ele era só um menino tentando crescer e cuidar da irmã, porém foi lançado nesse mundo caótico e aos pouco, foi descobrindo que nem sempre se deve seguir a risca o que os "mais velhos", comandantes, generais, superiores dizem, ele precisou aprender que ele tinha escolha, apesar de tudo, e que era necessário que ele tomasse suas próprias decisões. Marie-Laure é uma menina bondosa, que na verdade, trouxe vida e inspirou quem estava ao seu redor. Aos poucos, ela vai deixando de ser tão ingênua e vai amadurecendo. A bondade e o amor de que o sinopse fala, estão presente nestes dois, no olhar que Marrie-Laure tem sobre a vida e na força de não se deixar abater que percebemos nela. Já Werner é, digamos, mais confuso e menos otimista, mas no fim configura a bondade e tem coragem para fazer o bem quando é preciso. Esses personagens justificam o título da obra, eles possuem a luz que acaba ofuscada em meio a guerra, uma luz que apesar de fraca, não deixa de brilhar apesar das circunstâncias.

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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Casamento - O Que Ninguém Me Contou (Parte 2)
agosto 18, 2017 2 Comments


O Marido

     Quando ela saiu do quarto, eu percebi a besteira que tinha acabado de fazer. Eu tinha dito mesmo para ela volta para a casa do pai? Eu tinha dito para a minha mulher ir embora da nossa casa? Idiota. Eu era mesmo um idiota! Eu não entendo como uma conversa tão simples se tornou essa confusão. Eu estava aqui tranquilamente tentou mantar alguns zumbis, quando de repente ela entrou no quarto já irritada. O que estava acontecendo entre nós? Éramos tão apaixonados antes e agora não conseguíamos nos entender. A última vez que tivemos um dia completamente tranquilo, tinha sido... Sei lá... Acho que ainda na lua de mel. Depois que chegamos em casa, já na primeira semana, os conflitos começaram. Eram mais brandos e acho que fomos tentando relevar. Mas agora, parece que estávamos mesmo cansados e descontando um no outro. Eu não queria isso. Ela era minha mulher e não queria viver desse jeito com ela.

     Eu ainda estava sentado na cadeira do computador, pensando no que fazer, quando ela entrou abruptamente no quarto. Eu fiquei observando enquanto ela fazia movimentos rápido e nervosos. Não me atrevi a dizer nada. Ela pegou uma mala de cima do guarda-roupa e começou a colocar algumas roupas dentro. Caramba! Ela tinha levado mesmo a sério a merda que eu falei. É claro que eu não queria ter dito aquilo mesmo. Eu nunca a expulsaria da nossa casa e a sugestão foi dela em primeiro lugar. Fiquei um tanto paralisado ao vê-la fazendo aquilo. O que eu deveria fazer? Como eu poderia explicar pra ela que não era isso? Eu a conhecia muito bem, sabia que ela não daria o braço a torcer. Era capaz de já ter ligado para o pai pedindo para vir buscá-la. 

- O que você está fazendo? - Perguntei com cautela.

- Você não está vendo? - Ela respondeu sem me olhar, com um tom áspero.

- Você não vai fazer isso mesmo? - Perguntei me levantando.

- Claro que vou. Por que não? - Ela soltou o sorriso sarcástico típico dela.

- Você não pode fazer isso.

- Não se preocupe, meu pai já está a caminho. Eu não vou mais perturbar seus joguinhos nem gritar como uma louca na sua cabeça.

- Eu não vou deixar você ir embora. -Fui até ela e a virei para mim.

- Eu não preciso da sua permissão.

- Não. Essa é a resposta errada. Você deveria perguntar: Por que não? - Sorri tentando aliviar o clima.

- E por que não? - Ela disse com o olhar de uma professora que estaria criticamente avaliando a minha resposta.

- Porque eu te amo. – Respondi firme. - Porque você é a minha esposa e eu não posso imaginar viver nessa casa sem você nem por um único dia. -Olhei fixamente em seus olhos com todo o carinho e adoração que eu sentia por ela. – Eu sou um idiota. Me desculpe por tudo o que eu disse. Eu não quis dizer isso pra valer. 

- Eu não duvido do seu amor. - Acho que eu tinha conseguido desarmá-la. - Mas eu acho que isso não é suficiente para vivermos juntos. As coisas não estão dando certo. Não adianta só você dizer que me ama e achar que vai ficar tudo bem.

     Ela tinha razão. Por mais que eu não gostasse de ficar conversando sobre a relação, dessa vez era preciso. Nós precisávamos nos resolver.

- Eu discordo de você. Nosso amor é sim capaz de resolver tudo, nós só precisamos nos dispor a isso. Por favor, meu amor, vamos conversar e nos resolver. Não posso ficar sem você. -A abracei fortemente. Não queria soltá-la para não ouvir sua resposta 

    Quando voltei a olhá-la, ela estava chorando. Droga! Aquilo cortava meu coração, e saber que eu era a causa daquilo era ainda pior. 

- Não chora, amor. - Limpei seu rosto. - Só vamos resolver isso juntos, nós nos casamos para isso. Não é tão fácil quanto o mostrado nos filmes, mas eu quero muito continuar com você para o resto das nossas vidas.

- Eu também. -Ela respondeu e me beijou intensamente. Eu correspondi com todo o meu ser. 

***

A Mulher

     A campainha tocou, eu me levantei correndo. 


- Deve ser o meu pai. - Tinha me esquecido que ele estava a caminho. Depois da discussão acabamos nos empolgando ao fazermos as pazes e agora eu não estava nem um pouco apresentável para atender a porta. -Joga a minha blusa, ai amor.

- Não. 

Eu ri.

- Não o quê? 

- Deixa que eu falo com o seu pai. - Ele pôs a blusa e foi até a porta. Eu fiquei no quarto esperando ele voltar. Tinha me vestido e estava preparada para, a qualquer momento, ir até lá e acalmar se houvesse uma discussão entre eles. 
Depois de uns dez minutos, ele retornou. 

- Como foi com o meu pai?

- Eu disse para ele que nunca mais deixaria isso acontecer. Você é minha mulher e a gente não vai se separar de forma alguma.

- Estou gostando dessa nova versão sua. Todo decidido. -Sorri para ele.

- Você ainda não viu nada. - Ele correu até mim e ficou me beijando. - E para provar que eu vou dar o meu melhor para você, eu prometo que vou ajudar mais nas tarefas de casa. Sei que você está ficando cansada com toda essa rotina. Eu também vou maneira nos meus jogos, mas não vou parar de jogar.

- Eu sei... Eu fui muito intransigente com isso. Eu vou parar de ser tão implicante com seus jogos.

- Na verdade, eu tive uma ideia bem interessante quanto a isso. 

- É mesmo. E qual é? 

- Eu acho que você precisa jogar comigo. 

- Eu? - Me surpreendi.

- Você vai gostar e vai entender o quanto é divertido. A gente precisa participar mais do que o outro gosta. E por isso, agora, a gente pode assistir um filme de comédia romântica que você adora enquanto a gente come a pizza que pedi para você não precisar ir para cozinha. E não se preocupe, eu vou lavar a louça.
Eu sorri para o meu marido. Ele era mesmo um fofo. 

- Você sabe o quanto fica sedutor lavando uma louça? Eu quase não resisto.

- Uhm... Interessante. -Ele me olhou com um olhar sem-vergonha. - Mas falando sério, só mais uma coisa. Você precisa conversar mais comigo amor, não pode simplesmente fechar a cara e não me dizer o que está havendo. Eu não posso adivinhar o que está se passando na sua cabeça.

- Eu sei... Você tem razão. Eu prometo ser mais comunicativa e menos estressada também. E já que hoje vamos aproveitar só para ficar juntinhos, depois do filme eu topo jogar um pouco do seu joguinho com você. 

- Eu te amo, meu amor. Nós vamos ser muito felizes, acredite em mim. Eu sei que ainda virão muitas dificuldades e muitas crises, mas nós vamos superar todas juntos.

- Eu também te amo e confio em você.

     E foi assim que enfrentamos nossa primeira crise. Por um momento, eu pensei em fugir e me esconder na barra da saia da minha mãe. Mas meu marido não deixou, ele me ama e eu o amo demais. E eu sei que precisamos acertar muita coisa ainda, mas esse amor pode superar tudo, mas só se nós quisermos, deixarmos de lada o nosso orgulho e aprendermos a ceder. É preciso muita conversa e compreensão para fazer um casamento dar certo.... Mas isso... Isso ninguém me contou antes de eu me casar, eu precisei aprender sozinha. 



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Casamento - O Que Ninguém Me Contou
agosto 18, 20170 Comments
Casar.... Ah! Casar o sonho de toda mulher (ou da maioria), com certeza o meu sonho. 


Aquela festa linda, todas as pessoas que você ama, familiares e amigos, todos com a atenção voltada para você. Digo, a noiva é claro. E você linda e deslumbrante fazendo sua entrada triunfal... É realmente mágico! Só tem uma coisa.... Uma pequena coisinha que ninguém te fala quando você anuncia seu casamento.... Uma coisa simples que todos preferem ignorar, chamada: Dia-a-dia. Ninguém te fala as dificuldades que estão por vir.




"Casamento- O que ninguém me Contou" é uma pequena história que mostra os dois lados do casamento, avaliando as partes boas e as partes ruins. Aqui temos intercaladas a visão feminina e a masculina de todo esse processo. As dificuldades e o que cada um precisa mudar depois da decisão de trocar o estado civil. Tudo isso descrito de forma leve, divertida e romântica. 


Casamento - O Que Ninguém Me Contou

A Mulher

     Desde pequena, meu sonho sempre foi me casar. Entrar numa igreja de arquitetura clássica completamente decorada com rosas vermelhas e uma iluminação romântica sublime. Na plateia minha mãe e meu pai orgulhosos da filha querida, minha primas verdes de inveja, os outros familiares olhando com admiração para mim. Minhas amigas lá na frente da igreja vestidas com um belíssimo vestido longo coral, ao lado os padrinhos devidamente trajados com smokings. Minha adorável sobrinha vestida como um anjo trazendo a aliança. E o mais importante, claro, eu entrando com meu majestoso, grandioso, deslumbrante vestido branco no melhor estilo princesa. Tudo bem, algumas pessoas acham ultrapassado esse modelo, mas é o meu sonho! Meu penteado perfeito e minha maquiagem angelical, parando a todo momento para as fotos e a filmagem. E foi bem assim que aconteceu…. Eu só esqueci de pensar em uma coisa: O noivo. 
   
     Não... Não é bem assim, eu me casei por amor sim. Casei com um homem maravilhoso, repleto das qualidades que sempre procurei em alguém. Ele fez o pedido de forma inesquecível, estava lindo no dia do casamento e nossa lua de mel foi perfeita. Era tudo um sonho! Até... A segunda-feira da primeira semana de casados. Não foi algo que eu percebi na primeira hora da manhã, essa descoberta foi gradativa.
   
      Nós tínhamos chegado da nossa viagem de lua de mel no dia anterior, e aquela foi a primeira vez que acordamos em nossa casa. Eu acordei feliz, ele tinha sido extremamente gentil desde que nos casamos, estava sendo super carinhoso e eu estava extasiada por ser tratada como uma rainha. Ele fez o primeiro café da manhã, enquanto eu me arrumava. 

- Minha esposa linda - Ele disse com a bandeja na mão entrando no quarto- Você está deslumbrante! Sente-se, veja se o café está gostoso. 

Eu me sentei e comecei a comer, estava realmente bom. 

- Está ótimo amor! - Respondi com um sorriso no rosto.

- Que bom que gostou. Eu estou louco pra provar a sua comida. O que você está pensando em fazer para o nosso almoço?

     Almoço? E foi assim que tudo começou a desmoronar... Conforme o tempo foi passando, eu comecei a perceber que ele esperava que eu fizesse almoços, jantares, cafés-da-manhã, limpasse a casa, passasse suas roupas, lavasse a louça (Que caramba! Se multiplica a todo momento), ainda trabalhasse no meu emprego e lhe desse atenção. Como eu faria isso? Ninguém me contou que eu precisava saber fazer tudo isso antes de me casar. Ninguém me contou que eu perderia parte da minha liberdade, não poderia sair com minhas amigas a hora que quisesse, ninguém me contou que eu perderia parte do meu tempo fazendo trabalhos que eu não queria fazer, ninguém me contou que eu teria que aprender a cozinhar... Ninguém me contou como é ser esposa.

     Nós contratamos uma diarista para fazer uma faxina uma vez por semana, mas ainda sim, eu tenho muito trabalho. Sempre tem roupa jogada e louça pra lavar. E eu tive que aprender a fazer comida, porque não dá pra bancar comprar comida todo dia e não gosto dessas comidas pré-cozidas do super mercado. Alguma coisa que facilite, eu compro é claro. Mas tem muita coisa que prefiro eu mesma fazer. Até que gostei de aprender a cozinhar, gosto de fazer coisas diferentes... É um desafio. Sempre adorei desafios. O problema é que tem hora que é um saco ter que ir pra cozinha. O fato de ser todo dia é que torna a tarefa cansativa. Ainda estou aprendendo a lavar roupa e passar. É muito trabalho para uma pessoa só. E desse trabalho ninguém te fala.
   
     Como se não fosse excruciante tudo isso, ainda tem o fato de que todo o ar de príncipe encantado se perde em algum lugar entre a bagunça que eles fazem e a injustiça que é a vida deles só ter melhorado enquanto a nossa sofre essa mudança drástica. Veja bem, eles continuam tendo comida sem precisar preparar, continuam usando as roupas sem precisar lavar, sujam pratos e copos e não estão nem aí pra lavá-los, e além de tudo isso ainda possuem hobbies irritantes, como assistir esportes e jogar vídeo-games. Sim, eles que deveriam nos adorar e ficar nos fazendo companhia em todos os momentos, preferem ficar jogando no computador ao invés de nos dar um pouco de atenção.

     Faz um mês que me casei e já estou cansada e estressada. Tá... Do jeito que falei até agora parece que não há nada de bom no casamento afinal.... Não é exatamente assim, é muito bom estar sempre perto dele e receber seu carinho e amor. Ele tem sido extremamente fofo ao me acordar pela manhã com um monte de beijinhos, me sinto uma rainha quando ele me diz que sou a mulher mais linda que já viu, apesar de eu estar toda descabelada. E quando ele me beija apaixonadamente apesar de eu não ter escovado os dentes ainda, me sinto muito amada. E essa é a melhor sensação do mundo. Tenho que lhe dar crédito também por me trazer o café da manhã na cama aos sábados. E lavar a louça quando vê que eu estou realmente casada, apesar de ele não fazer como deveria (ele deixa a pia toda molhada), mostra boa vontade em ajudar.

      Eu ainda o amo e acabei me tornando mais ciumenta, agora que me sinto dona dele. Afinal tem uma aliança em seu dedo que comprova isso. Sinto ciúmes apenas de ouvir falar em suas antigas namoradas. Não que ele fale direto, mas as vezes, ele solta um comentário sobre algum lugar que ele foi, e eu sei que eu não fui, então ele acaba tocando no assunto. Mas nunca o prolonga, nem me diz o nome da dita cuja.

     Ter uma marido tem seu lado bom, estar sempre com quem se ama e assistir um filme agarradinho no friozinho com seu amado é maravilhoso, o problema são as tarefas diárias que vêm junto. 

*** 

O Marido 

     Eu me casei. E sou obrigado a ouvir piadas sem graça todos os dias por causa disso. 

     "Você está amarrado agora, camarada. Você assinou sua sentença de morte quando se casou" 

   "Confie em mim, meu amigo, você está ferrado. No começo elas são adoráveis, mas depois... A megera dentro delas se revela." 

     "A parte boa é sexo todo dia, ou quase todo dia... tá aguentando? Tem que ter disposição pra dar conta daquele mulherão que tu laçou, meu brou!" 

     Eu não tinha um sonho ou qualquer interesse em casamento antes de conhecê-la. Sim, eu pretendia algum dia formar uma família, ir morar numa casa confortável com minha esposa e nossos filhos, afinal isso é felicidade, não? Eu podia não ter certeza da resposta dessa pergunta, mas agora tenho. Com certeza minha felicidade é estar ao lado dela. 

       Faz um mês que nos casamos e não me arrependo nem por um segundo. Ela tem sido maravilhosa, carinhosa e ótima esposa. Mantém a casa arrumada e aconchegante sempre, faz uma comida deliciosa e cuida com carinho das minhas roupas, me arruma quando vou sair e sempre me manda fazer a barba. Me sinto amado e cuidado. Sempre quero voltar pra casa o mais rápido possível pra ver minha linda, ela é encantadora. 

        Claro, todos tem defeitos, as vezes ela fica estressada e com uma expressão de poucos amigos no rosto, eu tento me aproximar e ela não me dá espaço. Eu geralmente, me afasto e espero pra ver se ela volta ao normal. Eu nunca entendo se eu fiz algo errado ou se ela só está de mal humor. Quando pergunto, ela simplesmente diz: "Você sabe muito bem". E eu fico pensando: "Sei o que?", mas não pergunto mais. Uma vez, no início, tentei perguntar e ela me fulminou com o olhar e saiu do quarto. 

     Às vezes, ela é meio histérica também, quando estou jogando no pc, ela começa a jogar piadinha irônicas que destroem o meu humor. "Você só joga isso. Só sabe atirar na cabeça das pessoas." "Você não cansa de ver esses bonecos sagrando e morrendo?" "Você queria se casar ou jogar vídeo games?". Ok eu sei, as vezes eu me distraio e jogo por um tempo longo... Eu estou resolvendo isso. Mas eu não entendo, antes de casar, ela sempre disse que precisava do seu tempo, um tempo pra ela, pra ler, pra se arrumar, pra fazer o que ela gostava... Então, eu gosto de jogar vídeo games, acho que ela devia respeitar isso e aproveitar e fazer o que ela gosta quando eu tiver fazendo isso. Não dá pra entender as mulheres, se eu ficasse com ela o tempo todo, estaria sendo grudento, se dou espaço e fico fazendo outras coisas, não estou lhe dando atenção. 

     Outra coisa que não entendo é quando ela faz uma pergunta e logo depois fecha a cara, eu não sei... Era pra eu responder ou não? Outro dia eu disse que tinha ido em uma casa de show que vimos num outdoor e ela disse: 

- Eu nunca fui. Você foi sozinho? 

- Não. - eu respondi. Não queria mentir, mas também não queria dizer que fui com uma antiga namorada.

 - Ah... - ela disse. Por alguns segundos ficou em silêncio. - E ela era bonita?

- Quem? 

- A mulher que você levou lá? Aproveitaram bastante? - Perguntou com o olhar zangado que eu conhecia muito bem. Eu fiquei sem saber o que responder... 

- Eu... Foi só uma antiga namorada. Nada demais. - Tentei, mas não funcionou. 

       Ela ficou calada até chegarmos em casa, eu tentei puxar assunto, mas ela não correspondeu. Então, resolvi jogar um pouco e ela ficou ainda mais irritada. Mas eu só fui jogar porque ela não parecia querer ficar comigo naquele momento. O que eu deveria fazer? Ninguém nunca me disse o que fazer nessa situação. 

      Ela parece ficar nervosa também quando eu saio com uns amigos, eu não entendo isso, quando ela sai com as amigas, eu não ligo. Gosto das amigas dela, e gosto de vê-la feliz com elas. Eu e meus amigos não fazemos nada demais, eles são todos comprometidos, alguns casados até, e nós só vamos jogar uma bolinha, nada demais. Não há motivo para ela ficar com ciúmes ou pensando besteira. 

      Não que esteja sendo fácil fugir da tentação. Parece que agora que me casei é que as outras mulheres passaram a me enxergar. É cada investida que estou tendo que me esquivar no ônibus, no trabalho e até de primas minhas. As do ônibus são atiradas mesmo, outro dia levantei para uma senhora sentar e algumas mulheres já foram logo dizendo: 

- Que cavalheiro e ainda um pedaço de mal caminho! - Os olhares fugazes e o sorriso malandro no rosto. 

Outra que estava do meu lado puxou assunto. 

- Essas mulheres estão tão atiradas. Até parece que um cavalheiro como você daria bola pra elas se jogando desse jeito. Eu sorri sem saber o que dizer. 

- Não precisa ficar encabulado. Eu entendo, você é casado, não é? Eu também sou.... Sei pelo que está passando. Eu amo meu marido, mas as vezes gosto de conhecer outras pessoas, sair um pouco da rotina... Acho que faz bem pro casamento, nenhum casamento fica de pé sem isso. - Eu... Eu estou bem com minha esposa, não preciso disso. - Tentei responder sério sem olhar para ela. 

- Bem... Todos precisam, meu belo cavalheiro. Você é muito gentil e fofo. - Ela tirou uma caneta do bolso, pegou minha mão e começou a escrever, fiquei sem graça de puxa-la de volta. - É o meu número, me liga qualquer dia desses.... Não é nada demais se ela não ficar sabendo, é uma forma de manter seu casamento sempre feliz, acredite em mim. 

       Ela simplesmente disse isso e desceu no próximo ponto, e vou te contar a mulher era linda... Mas eu tive que invocar todo o meu amor pela minha esposa e apagar aquele número da minha mão. O pior é que por algum tempo ainda ficou gravado na minha cabeça, mas eu resisti. Resisti mesmo quando minha esposa começou a ficar estressada e me privar de sua companhia na cama. Mesmo num dia que eu estava sentindo meus hormônios a flor da pele, eu rejeitei um convite despretensioso de tomar um café com uma amiga do trabalho. Ninguém me disse que eu teria que resistir a tantas investidas. 

       Eu sei que preciso melhorar como marido, sei que tenho que ajudar mais... Eu tento, as vezes lavo a louça e guardo, outro dia lavei o banheiro... Mas a verdade, é que eu nunca aprendi nada disso. Eu nunca precisei, minha mãe sempre fez tudo e nunca parou pra me ensinar essas coisas, claro, que eu não procurei aprender também. Mas agora eu vou, porque acho que minha esposa tem ficado muito cansada, e não quero isso. Ela tem sido tão boa pra mim, quero ser um bom marido pra ela também. Vou maneirar no vídeo game, mas não vou deixar de jogar, eu gosto e acho que devemos respeitar o gosto de cada um. Vamos fazer mais passeios também, acho que estamos entrando numa rotina cansativa pros dois, é bom espairecer um pouco. Ninguém me disse que ter uma esposa, era também ter dor de cabeça... Ninguém nunca me disse que eu teria que pensar em como agir pra não irritá-la, que teria que resistir a tantas cantadas, que eu teria que aprender a fazer tarefas em casa, apesar do cansaço do trabalho, que teria que abrir mão de alguns hobbies, e abrir mão de parte da minha liberdade. E principalmente, ninguém nunca me disse que eu teria que entender a linguagem feminina... Ainda estou tentando aprender. 

*** 

A Mulher 

       Eu resolvi conversar com ele, o único problema é que a conversa se tornou uma discussão. Às vezes é difícil expor seu ponto de vista sem agredir o outro. Tudo bem, pode ser que eu não tenha começado da melhor forma também. 

- Eu estou cansada disso! - Disparei olhando pra ele que estava de frente para o computador. - Cansada de que meu amor? - Ele perguntou ainda sem me olhar. 

- Não venha me chamar de histérica porque senão a coisa vai ficar feia. - Alertei já bastante alterada. Aquilo fez o meu sangue ferver. - Será que dá pra você olhar pra mim enquanto falo! - gritei. 

- Tudo bem. - ele pausou o jogo. - Se puder não gritar será mais fácil conversarmos. - Eu não te chamei de histérica... Você coloca palavras na minha boca. - Está me chamando de mentirosa? 

- Não vai começar a implicar com meu jogo de novo, vai? - Agora ele parecia irritado também. 

- Amor... Não vamos por esse caminho. Vamos conversar, diga o que você ia falar. 

- Eu não aguento mais lavar, passar e cozinhar enquanto você fica ai jogando esse joguinho infantil. - Esbravejei estressada. 

- O problema não é esse maldito jogo idiota. O problema é que você tá vivendo uma vida de solteiro sendo que está casado. Enquanto eu tenho um monte de coisas novas pra fazer, você continua vivendo da mesma forma.... Ou melhor, vivendo ainda melhor que antes, já que tem uma mulher pra te dar atenção todas as noites e dias também. Foi um ótimo negócio se casar, né? 

- Não seja injusta. Você sabe muito bem que me casei com você por amor e não porque teria vantagens! Você me ofende com essa insinuação. 

- Se fosse assim, se você me amasse de verdade, não passaria o dia inteiro nesse computador e seria um pouco mais prestativo com as tarefas da casa. 

- Você está exagerando, eu não passo o dia inteiro no computador! Essa sua implicância com o que gosto de fazer está passando dos limites! Eu não implico com os seu livros, pelo contrário, acho que é um ótimo hobby pra você. 

- Mas o meu hobby é inteligente e educativo, enquanto você fica controlando uns bonequinhos pra bater um no outro. 

- Não seja ignorante! Não fale do que você não conhece. Não implique com meu jogos, eles são educativos também, existe toda uma história por trás. Não é só porque você não gosta que é ruim!

-Eu só sei que eu estou cansada. Estou cansada de você, cansada dessa casa, cansada de tudo! - Gritei na cara dele. 

- E você acha que pra mim é fácil? Eu também estou cansado de você jogando piadinhas sobre o que gosto de fazer e irritada do nada. Não consigo te entender. Achei que as coisas seriam mais fáceis. 

- É, mas não são... - Fiquei em silêncio por um momento, pensando. - Talvez... Talvez não devêssemos ter começado isso em primeiro lugar. Seria melhor se apenas tivéssemos permanecido com os nosso pais. - Finalizei lentamente.

Ele me olhou irritado.

- É isso que você quer? Você é uma menininha mimada mesmo? Só sabe reclamar e gritar na minha cabeça. Vai! Volta logo para casa do papai.

 - Idiota. - Gritei e sai do quarto, batendo a porta. 

    Entrei no banheiro chorando copiosamente. Será que tinha sido um erro me casar? Talvez eu devesse ter ficado solteira para sempre. Era tão bom estar na casa dos meus pais, no conforto do meu lar sendo tratada com amor e sendo completamente livre para fazer o que eu quisesse. Eu sabia que o amava, mas agora ele estava ficando tão idiota. E se eu tivesse sido enganada? E se ele ainda fosse apenas um estúpido adolescente na época da puberdade? Lavei o rosto de fui para a sala, não queria ficar perto dele naquele momento. Ainda dava tempo de arrumar minhas coisas e ir dormir na minha mãe. Eu deveria fazer isso... Eu iria fazer isso. 

*** 








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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Fotografia
agosto 14, 20170 Comments
Fotografia



Com apenas um clique
Se eterniza um momento
Uma simples foto
Capaz de transportar no tempo.
Com ela entre os dedos,
Nossa mente viaja
Por entre lembranças
Há muito não acessadas.

Tempos de amor, sorriso nos lábios.
Tempos de dor, coração apertado.
Tempos felizes, melancolia na certa.
Tempos tristes, lembranças eternas.

Velhos amigos, velhas histórias
Novas vidas, mesmas memórias.
Momentos compartilhados, que nunca se acabam
Mesmo que hoje, seja cada um pro seu lado.

Amores de antes, risadas de agora.
Hábitos que tínhamos, são agora chacotas.
Roupas Antigas, moda de outrora
Será que mudamos apenas por fora?

Em um único instante, questionamos tudo
Como aconteceu de estarmos vivendo outro mundo?

Sonhos antigos, tornaram-se planos objetivos.
Inocência perdida, realidade da vida.

O segundo passa, nossa consciência retorna:
A criança na foto é apenas memória.
Reflexões sozinhas não mudam a história.

Uma fotografia não nos transporta realmente pra aquele
Tempo,
Mas uma fotografia nos transforma, ao menos naquele

Momento.
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